'Vai um docinho, aí?', motoristas por aplicativo transformam corridas em oportunidades de vendas para aumentar a renda
21/11/2022 05:32 em REGIÃO

 

Se criatividade é uma característica genuinamente brasileira, nada melhor do que usá-la em tempos de crise para driblar os contratempos e garantir uma renda extra no fim do mês.

Pensando assim, motoristas de transporte por aplicativo em Juiz de Fora têm investido em ideias para compensar a alta da gasolina – que, na cidade, chegou a ter preço mais alto do que a média de Minas Gerais e do Brasil.

A solução foi aproveitar o tempo das viagens, a interação entre motorista e passageiro e até mesmo as redes sociais como vitrine virtual para transformar a corrida em uma oportunidade de venda.

 

Novos ritmos

 

 

Para o juiz-forano Anderson Melo Brigatto, de 35 anos, apostar nas corridas como fonte de renda marcou começos e recomeços.

“Trabalho com música e fali na pandemia. Fiquei sem alunos e sem dinheiro. Só me restou arriscar, trocar de carro e começar a trabalhar por aplicativo”, conta ele que, tempos depois, viu no veículo uma possibilidade de interação promissora.

 

“Como trabalho com música, sei que a interação muda o dia da pessoa. A partir da possibilidade de mudar o clima, pensei em colocar docinhos no carro. Comecei, com a ajuda da Tamiris, minha companheira, com 20, 30 doces. Foi uma forma para capitalizar, mas também mostrar ao passageiro que você tá ali ralando. Isso gera um papo para trocar e faz eles se sentirem seguros”.

 

Ainda segundo o motorista, ainda que a missão principal seja oferecer o serviço de transporte, a venda de doces também têm metas diárias.

 

“Saio de casa todo dia com 10 caixinhas com 5 doces cada. Só volto quando vendo tudo. Tem dias que são necessárias 15, 20 corridas por dia para ter o lucro no app e vender os docinhos. Mas tem dias que consigo vendê-los mais rápido, quando as pessoas compram uma quantidade maior”.

 

 

Vendedor nato

 

 

Se a interatividade da música auxiliou Anderson na oportunidade de fazer do carro uma doceria, o histórico de vendedor de Bruno Carracci, de 33 anos, também contribuiu para a abertura da sua joalheria.

“A gasolina tava chegando a R$ 7,80 e comecei a pensar em algo que pudesse me ajudar em uma renda extra”, conta o lojista com experiência em vendas. “Foi aí que uma cliente comentou que vendia semijoias. Fiz o cadastro para comercializar as peças e comecei”, relembra ele que, além do mostruário no carro, também expõe as peças em um perfil criado no Instagram.

 

“São 30 viagens por dia, todas uma oportunidade. Gosto de interação e, se o cliente dá abertura, ofereço as peças. Algumas pessoas acham interessante e elogiam. Essa semana uma passageira gravou e postou nos stories”.

 

 

Novas rotas

 

 

Aos poucos, a ideia dos doces foi ganhando forma e hoje Anderson cuida também de um perfil no Instagram.

 

“Muitas vezes o passageiro compra ali no carro e depois liga pedindo os docinhos para algum aniversário, alguma reunião de trabalho. Com isso, passamos a postar os doces, como forma de divulgação”, conta.

Com Bruno a história não é diferente. “Coloquei uma placa no carro chamando as pessoas para conhecerem o perfil”, explica ele, que faz entregas gratuitas em Juiz de Fora e ainda divide do cartão”.

Da dificuldade surgiu a oportunidade, que agora já começa a gerar novos planos. “São 5 anos como motorista. A intenção é, a depender das vendas, quem sabe, abrir uma portinha ou uma loja”, almeja o vencedor das semijoias.

“Os doces são um complemento de renda. Começou como uma forma de gerar interação e valer a gasolina. Como tem o pagamento de apartamento e do carro, não deixa de ser uma oportunidade”, aponta Anderson.

 

Fonte: G-1 Zona da Mata

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!